Morfondírozások

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Location: Budapest, Hungary

Tuesday, October 24, 2006

Obrigada

Acho que quem tem amigos como Voces, tem tudo!
Obrigada pela perocupacao, pelo carinho, atencao e suporte que tenho recebido por mails e sms. A ultima noite ate agora foi o pior para a nossa cidade. Hoje tive que dar aula as 7 perto de um dos lugares de maior confronto. Ao sair da aula passei por lá para apanhar o metro e ainda o residuo das bombas de gas era tao forte que nao so nao consegui apanhar o metro, mas ainda tenho os olhos inchados, infalamdos e com lágrimas a cair. Ontem fizeram-se no minimo 200 milhoes de florins de estragos outra vez. Por um lado sinto uma parte de mim morta sem sentimentos, por outro lado custa-me lutar contra a raiva que esta a crescer por ter uma quantas miles de pessoas a aterrorizar um pais inteiro.
Para melhorar as coisas o homenzinho das ceramicas hoje apenas apareceu para dizer olá... que so soube agora pois hije tenho 9 aulas. Coitada da minha mae aqui na retaguarda nao se atreveou a dizer-me antes. Temos tudo parado. Tento nao me deixar ir abaixo pois por uma pessoa faltar varias vezes a palavra nao significa que o mundo ande assim tao mal.
Um sorriso para todos Voces!

Saturday, October 21, 2006

...e ainda

Será que a criatividade sofre com abundância? Já dei por mim que quando tenho material todo para criar uma coisa, então a inspiração foge. Quantas vezes já fiquei sentada a frente de tudo que jamais imaginava ter... e nada. Estes dias tenho sido obrigada a “sobreviver” com o mínimo e tive uma ideia que ficou atrás da orelha. Acho que vou organizar um curso ligado a inglês, provavelmente de dois dias sobre como fazer uma entrevista em inglês. Quais são as perguntas que se podem esperar e como responder a questões como: “O que é que o dinheiro / carreira profissional significa para você?”. Não existe material nenhuma em relação a este assunto no mercado, assim terei de fazer tudo sozinha, adaptando materiais que já tenho e criar ainda coisas novas. Depois é só procurar um lugar para alugar e fazer publicidade. Mmm.

Bom, que se lixe. Prometi ser sincera e aberta ao máximo, pois este blog acabou por ser um pouco de terapia pessoal. Como não costumo falar de mim e de ser bastante fechada e desconfiada com as minhas coisas o blog é o primeiro passo para eu me abrir.

Há coisas menos boas na minha vida: uma amiga minha descobriu que o pai tem cancro não operável, e outras duas perderam a gravidez quase simultaneamente. Também vem Segunda, celebração da Revolução de 56 e estou com receios quanto se vai conseguir manter pacífica.

O pior é ter um sentimento de culpa, pois bem profundo sinto uma força que não sei de onde vem que me leva para frente com vontade de tornar realidade muitas coisas. Nada parece dar certo na minha vida, a vida sentimental não corre como eu teria gostado, ando tensa com os meus pais também pelo cansaço e na companhia onde dou aulas há grandes mudanças que podem afectar o meu futuro lá. E continuo sem me preocupar nem ficar magoada. Não sei o que me leva ter tanta calma e continuar a frente... apenas espero não ser em direcção de um abismo. Hihihi.

Here I am

Às vezes fico a pensar como tanta coisa cabe num dia só. Ontem aconteceu comigo uma coisa que nunca antes tem acontecido, nem quando recebi a notícia da morte da minha tia: não consegui acabar uma aula. A confusão que reina cá em casa afinal da mais cabo dos nervos do que pensava. Aliás nem é a confusão, pois até acho isto uma grande aventura, a brincar a campismo, demorar horas a encontrar uma coisa simples como um isqueiro. É a mentira que não suporto. Os homenzinhos dos azulejos arranjaram cada confusão que nem vale a pena contar, pois demoraria páginas. Gosto de pensar de mim como alguém quem diz sempre por favor e obrigada a todos, fala em voz baixa. Por exemplo nunca na minha vida levantei a voz dando aula, nem quando ensinava a turma de só rapazes “difíceis”. Bom, ontem perdi a paciência toda e também aproveitei experimentar como é gritar com alguém (o chefe da equipa). Desde ali as coisas andam a correr bem, eles trabalham nem como anjinhos. Tudo aqui está repleto de pó... um pó avermelhado e branco. Nem imaginam como isto é, até se mete por baixo da pele, quase que é impossível de se lavar. Todos os cantos da casa estão repletos com ele. Claro nos momentos mais difíceis é que a vida dá-nos uma festinha na cabeça, que ontem veio na imagem da minha mãe que fico com os homens e eu finalmente consegui ir ao cabeleireiro e ter a cabeça LIMPA. Ainda anoite quando pensava que nem força para caminhar tinha, fui a um concerto pelo qual muitos me vão atirar pedras: música italiana (diga-se de passagem que F. detesta aquilo, assim só comprei bilhete para a minha mãe há mais de meio ano). Fiz um esforço para sair, pois ela não quis ir sem mim e ainda bem, pois diverti-me muito. Sei que é música tudo menos artística, mas o romantismo “barato” de Toto Cutugno e o espectáculo cheio de vida dos Ricchi e Poveri fizeram-me sentir super bem, até me pus a dançar. Fui comovente ver estes quarentões, cinquentões a emocionarem-se, alguns até chorar, provavelmente com as recordações da juventude. Hoje ainda aproveitei a dar uma aula e estou aqui a aguardar para que os homens acabem o trabalho. Continuo sem água, casa de banho e aquecimento o que é bastante difícil às vezes pois não há mais de 10 graus lá fora.

O resto da semana tem sido assim... a correr para cá, aulas, luta com os homenzinhos, viagem até a casa dos meus país (que também é uma aventura pois as ruas da zona estão a ser escavadas na sua largura completa, assim nunca sei quanto terei de andar às escuras entre foças até lá chegar).

Afinal sempre há uma novidade: à meia-noite na cama ainda faço um esforço por estudar uma hora diariamente (na maioria das vezes fico a dormir após meia hora) um método novo que basicamente ajuda reorganizar a vida para não poder dizer que não tenho tempo para coisa x ou y.

Saúde: nada melhor para perder peso do que ter renovações em casa. :oDDD O único problema é estes dias não beber quase nada para diminuir necessidades. :oDD

Concluindo: cansada e desidratada, mas estou bem!

Tuesday, October 17, 2006

Notícias

Estou bem, não desapareci, apenas com as renovações de casa tenho que dormir na casa dos meus pais, o que significa que chego lá as 22:00 e tenho de sair as 5:30 para deixar entrar os homens e ter tudo pronto para ir dar aulas. Estou muito cansada, mas acho que uma das mulheres mais felizes do mundo. É um sentimento estranho ver os sonhos e poupanças de 10 anos tornarem-se realidade. No mínimo tamanha felicidade para vocês também.

Thursday, October 12, 2006

Quem tem coragem de dizer que o mundo não é lindo?

http://www.youtube.com/watch?v=vr3x_RRJdd4

Fez me sorrir com uma lágrima nos olhos.

Reencontros

Hoje comecei a tirar tudo da cozinha e da casa de banho. Não fazia a mínima ideia que tinha tanta coisa. Claro, para me sentir bonita as vezes compro produtos de beleza que nunca mais me lembro usar e ficam ali guardados numa gaveta que não abro com muita frequência. Achei que o trabalho será uma chatice, pois vou aproveitando para limpar tudo também (se a mobília que me fez companhia durante vários anos tiver que morrer, então que morram limpinhos com dignidade). Foi o momento mais engraçado do dia. Encontrei coisas de cuja existência nem me lembrava, mas tem por uma ou outra razão grande importância para mim. Não pensem que foi um anel de diamantes que andava a rolar por ali, mas barquinhos de madeira, conchas que tinha encontrado em Troia ou um saco de toucador que comprei em Cascais. Só apeteceu dizer: então, há tanto tempo pá que a gente não se encontra. Tens passado bem? Vê lá se não nos perdemos de vista desta vez! Neste momento sinto-me riquíssima. Mal posso esperar por tirar tudo das caixas outra vez para lhes apresentar a nova casa que terão. :o) Parece-me ter visto um sorriso de excitação em alguns deles.

Carlos atenção, é sobre Coelho ;)

De antes pensava que ao escrever palavras requintadas, conhecidas por poucos ou ao usar expressões surpreendentes fazia alguma coisa de valor. O resplendor, o embrulho faz com que as coisas se tornem mais valiosas aos nossos olhos. Quantas vezes não compramos um produto medíocre pela sensação de luxo que a caixa dele suscita. Lembro-me de professores da faculdade a quem admirava tanto só porque simplesmente não entendia do que falavam, pois não conhecia todos aqueles termos estrangeiros. Supunha logo, que o conteúdo também chegava a tais alturas que não conseguiria perceber, de aqui a sensação de ser apenas uma formiga perante um profeta. Às vezes acho que é suficiente falar de uma forma que ninguém te perceba para te acharem inteligente. Lembro-me também de alturas quando alguém me começava falar da beleza de um verme, achava-o no mínimo um excêntrico, mas a maioria das vezes um lunático.

Hoje vejo exactamente o contrário. Sábio é aquele quem consegue falar na linguagem de aquele que está a ouvir. Penso que o meu gosto por Paulo Coelho vem de aqui. Ele consegue falar das coisas mais abstractas como se fossem apenas uma receita para fazer água quente. Não tenho lido muitos livros de ele, aliás apenas um do princípio ao fim: Verónica decide morrer. O Zahir foi posto a lado faz meses porque precisava de tempo para digerir aquilo que lá estava.

É como um montículo de areia. Uma pessoa passa ao lado, sem sequer olhar para ele, mas se se deter iria ver a precisão com que os grãos jazem um por cima do outro e como são lar de bichos, micróbios e outros seres minúsculos que só por nós não sermos capazes de os ver, eles ainda existem. De que nos serve olhar para o Universo, leis superiores da física, se nem aquelas coisas que estão a ponta do nosso nariz conseguimos perceber?

Ultimamente gosto de parar por uns minutos nos momentos mais banais que fazem já tanto parte da minha rotina diária, que não exigem nada de mim. Ainda nunca houve um momento em que não tivesse descoberto algo nunca visto ou algo que tenha feito nascer um pensamento que nunca antes me ocorreu. Pergunto-me quantas vezes deixamos passar ao lado o que é importante por perseguirmos uma visão existente apenas na nossa cabeça com uma imagem nítida, de belas cores, mas sem conteúdo? Será que as próprias coisas são importantes ou o significado, alias a teia de significados que contêm para cada um de nós?

Wednesday, October 11, 2006

Paulo Coelho


Os livros dele fascinam-me. Eis uma oportunidade para falar com ele hoje as 20:00h de Portugal: http://www.beliefnet.com/paulocoelho/ É preciso registrar primeiro.

Monday, October 09, 2006

Sabores

Tenho aqui a minha frente o primeiro livrinho que traduzi junto com a S. Bem que não seja grande coisa, mas sinto uma espécie de orgulho, acho que nem por ter mais uma coisa impressa, um pouco minha, mas por ter conseguido trabalhar em equipa sem me ter sentido minimamente mal. Claro, para isso era preciso uma pessoa especial com a S.

Hoje tive um dia muito pesado, que tem sido lucrativo tanto no âmbito financeiro, como emocional.

Hoje apercebi-me mais uma vez como a vida é uma delícia. Antigamente fugia do medo, amargura, pensamentos e sentimentos negativos. Hoje acho que são precisos para um balanço interno. Tento viver tudo, sabendo que é uma das muitas facetas dos sentimentos que me podem aparecer à frente. Parece que a vida conversa connosco e tem um sentido de humor requintado, mas bastante malvado. Quando manda sinais muito subtis e a gente continua não prestar atenção nenhuma, então ela da um murro no nariz da mão que realmente mais nos consegue magoar. Olha, se não prestas atenção PIMBA... e uma pessoa vai contra a parede e enche os olhos de lágrimas pela dor. Estes momentos depois de terem passado deixam-me mais forte normalmente e decidida de enfrentar os meus erros e tentar melhorar aquilo que estraguei. Que assim seja desta vez também.

Hoje estava esgotada no meio do dia. Um dos meus alunos ao chegar abraçou-me e disse por favor não estejas triste, queres que te conte uma anedota? Achei imensa piada, uma das maiores prendas do dia de hoje.

Mesmo com abraços de amizade ou com pontapés no cú, mas a vida é de certeza uma delícia, uma magia indecifrável e sempre o será.

Homens da MINHA vida ;) 4

Mais um professor que me marcou este verão não pelas aulas, mas as conversas em privado durante uns dias que passámos juntos com um grupo na beira do Balaton. Foi a ele a quem pus as minhas questões após as primeiras experiências de meditação e aprofundamento dos estudos budistas e taoistas. As respostas dele na altura chatearam-me imenso, mas hoje vejo que tinha razão. Ninguém segura a tua mão, se escolhes um caminho é porque tu queres ir nessa direcção. Também me ensinou que não há respostas lá fora, pois ninguém poderá saber a nossa verdade a não ser nos próprios. Na altura deprimiu-me um bocado ter ficado com "nada". A nossa despedida abrupta foi como uma pequena morte para mim, mas ele é de aquelas pessoas que tenho certeza ainda encontrar no caminho desta vida.

Homens da MINHA vida ;) 3


O meu professor de Taoismo e de I Ching. Embora de uma forma diferente, acho que é o homem que mais tem influenciado a minha vida, forma de pensar e forma de ver as coisas nos últimos meses.

Saturday, October 07, 2006

Preliminares


Porque raio prometi ser acompanhante num „party” que eu sempre detestei na minha vida? A confusão logo começou na escolha do vestuário, pois segundo o convite todos devem vestir-se “Radical Chic”. Desculpem a minha ignorância, mas não fazia a mínima ideia o que devo usar até ter feito uma pesquisa na Internet.. É qualquer coisa esquizofrénica tipo uma casaco elegante de marca muitíssimo prestigiada com calcas sujas e rasgadas. Lindo, né? Depois fiquei na conversa com a Zé tentando resolver o enigma chamado “o homem português”. Até acho termos conseguido fazê-lo bem, mas de uma forma bastante malvada (lá por isso não significa que não seja verdade). O primeiro passo para a noite Cinderella foi pintar o cabelo. Ja me estava a ver com um cabelo lindo, brilhante, sedoso como nos anúncios da TV quando ao ir ao duche vi que me assemelhava mais com a Vaquita Milka, pois irrequieta como sou, fiquei com manhas purpuras (?!) da pintura nas mãos e nos braços. Chic não sei se será, mas radical é de certeza! Dever 50% cumprido, nada mau. A seguir resolvi usar uma máscara (coisa que só me lembro fazer uma vez por ano). Ela é “oxigenante, da floresta das Amazonas do Brasil”. Pronto, problema de poluição resolvido também. Disse aos meus poros para respirarem profundamente, mas nem agora oiço um ruído ofegante. Depois de me ver livre dos pêlos (foi um adeus sem grandes soluços) resolvi que a primeira parte do meu processo de transformação está concluida. O resto fica para depois... :o) Quem disse que não é divertido ser mulher? ;o)

Friday, October 06, 2006

Having fun

Ainda não percebi bem a questão das dimensões em desenho, assim optei por fazer os exercícios de um livro. O primeiro passo é entender como dum simples circulo se podem desenhar caretas de diferentes ângulos de visão. O certo é que me diverti muito.

Thursday, October 05, 2006

Adia-se

Poupem as energias de pensarem em mim, o mercado é so para a semana.

Vazio


Para amanha teremos novas demonstrações já organizadas. Hoje anoite já começaram outra vez as movimentações nas ruas. Por enquanto em pequenos grupos e bem pacíficos, mas tenho poucas esperanças de acordar sem ouvir de incidentes no Sábado. A tensão é palpável na rua, as pessoas são mais agressivas nos transportes públicos, em todos os cantos da cidade. Uma pessoa até está a espera de que expluda alguma coisa, para não ter esta espera surda sem saber o que acontecerá no próximo momento. Como vem do blog tenho tentado pensar em outras coisas. A política está a afectar os meus dias já de uma forma estúpida. Na quarta fomos sair com amigos a um dos meus restaurantes favoritos para um jantar rápido, mas já no caminho para lá estalou uma discussão no carro, na qual só me apetecia tapar ouvidos e cantarolar como fazia em criança. Os meus próprios pais (que alias suportam o mesmo partido), deixaram de se falar por um desacordo qualquer, também ligado a esta confusão. Sinto um cansaço profundo interior, um vazio, como quando se esquece um CD player ligado e ela vai desgastando as baterias sem ninguém dar por isso. O pior já nem sei em que confiar, ou que esperar para o futuro. Tento concentrar-me em mim, de desembrulhar coisas que tenho guardado bem fora dos olhos, tentar fechar e deitar fora coisas de vez para enfrentar novos desafios e descobrir novas portas. Pelo menos é o que me digo. Já que não tenho influência no mundo lá fora, espero saber mudar umas coisas cá dentro.

Wednesday, October 04, 2006

Homens da MINHA vida ;) 2


Acho que nunca sonhei com os lábios de ninguém tantas vezes, como com os do Bruce Springsteen - The Boss. A minha paixão era tão maluca que comecei a aprender inglês para lhe escrever uma carta a dizer que gostava de trabalhar para ele como empregada por comida e alojamento. Traduzia as canções de ele com um ínfimo dicionário de espanhol – inglês. A paixão durou uns 7-9 anos, mas o inglês ficou para o resto da vida.

E ainda dizem que os homens da nossa vida não nos marcam para sempre...

(Note-se que o homem acabou de divorciar-se! ;o) ).

Na altura as músicas que adorava eram: Everybody’s got a hungry hearrt, Dancing in the Dark e Fire. Hoje, embora continue a achar Fire uma das canções mais sexy, aprecio mais as baladas como The River ou Rosalinda.

Homens da MINHA vida ;)


Bom Zé, aqui vai então um dos homens da minha vida: José Cura... pela voz, o sorriso, a facilidade de cantar e a coragem de ter tirado toda aquela mistificação da música clássica... e aquela naturalidade com que tratou os miúdos com doenças graves que ele convidou ao palco para o concerto que fez em Budapeste...

E porque quando ele canta Nessun Dorma (Turandot) ou Somos Novios e E lucevan le stelle me faz sentir na núúúúúúúvens.

Ruminações

Ontem tive aula com um dos meus alunos favoritos (todos eles são alias). Ele é o clássico com quem tenho que calcular no mínimo uma hora e meia de tempo para ter uma hora de estudos. Gosto falar com ele. Como ele é o baterista mais prestigiado neste momento no nosso país tinha receio ter que lidar com um cara muito convencido que se acha estrela. É bem o contrário, nunca vi um rapaz tão docemente humilde e às vezes com falta de auto-estima. Ele disse-me ontem uma frase que tenho pensado muito: a maldição dos húngaros é durante gerações terem-se convencido de que são um povo pequeno, nem tentamos sonhar grande, porque no fundo acreditamos que não merecemos.

As outras duas ideias em que tenho ruminado são de um homem ligado a esotería:

- O homem não foi expulso do Paraíso, mas recebeu uma cegueira que o impede ver que ainda continua em ela. – Isto até parece rimar com a conversa que tive, onde me foi colocada a pergunta: és feliz? E não soube responder sim, embora não me lembro de nada que possa faltar para a minha felicidade. Donde então esta inquietação, angústia? Até me sinto culpada, quando para além do fim de semana faço algo que não seja útil. Hmmmm.

- A segunda é sobre meditação: temos de aprender meditar para esquecermos como meditar, encontrando uma espécie de directriz central, quando a nossa vida torna-se num diálogo connosco próprio. Desde esse momento já não há nem meditação nem oração, porque a própria vida o será.

Monday, October 02, 2006

Yuppppiiiieeeeee!


Hoje fui convidada a maior exposição de artesanato para vender as minhas coisas... Estou muito feliz. Este é um colar maluco que fiz há uns meses: o nó é muito antigo, celta, a cerâmica é típica de cá, de uma zona que fica ao norte da Hungria, feito por um senho de idade amoroso. As partes metálicas são da Índia. Deveria chamá-la Globalização. :o))))))))))

Amar e errar

Porque raio amamos de uma forma cega, decidida sem olhar para nada, nem ninguém? É como se gostar de alguém nos dava todo o direito de seguir um caminho que nos é decidido por aquele sentimento tão ardente. Quem já não passou por a cena da mãezinha (todas elas santas) nos terem comprado com preocupação um par de calças vermelhas e com a cara cheia de luz estão lá a espera de que vejam a nossa suposta felicidade (sempre odiei calças que não fossem pretas ou azuis)... Eu própria as vezes faço montes de asneiras (porque havia de ser excepção). Aparecemos de surpresa, mudamos planos a última da hora, fazemos decisões sem sequer perguntar, sem ouvir o outro lado. Às vezes estamos tão decididos de agir bem, que acabamos por fazer mal. Esquecemos de perguntar: olha o que é que tu gostarias, o que é que te faria feliz, completa agora. Hoje acho que é difícil as vezes dizer gosto de ti, mas a arte reside em saber querer como a outra pessoa precisa de ser querida...

Não sei com que direito resolvemos fazer, pensar, organizar a vida da pessoa que somos supostos de lhe querer bem... afinal são tão crescidos como nós...e temos obrigação de respeitar o espaço que precisam para viver. Gostar não se trata de possuir. Que seja esta uma lição para mim para a próxima vez que ralar com a minha mãe porque faz as coisas de uma forma e não outra.

Mistérios simples


Vocês já sabem que ultimamente ando fascinada com as árvores. Até hoje só me atrevi tentar fazer troncos, só depois farei folhas... até fui buscar entre antigos números do National Geographic se tinha lá imagens que me ajudassem. Não encontrei nada. Hoje ao chegar à minha segunda aula a minha aluna deu-me uma prenda para os meus anos: uma foto feita por ela com folhas... tem por trás excerto de um poema de Goethe... escritor de um dos poemas que mais gosto – inspirador da única novela minha publicada. Coincidências?.... talvez.

Eis a foto...

Sunday, October 01, 2006

Os duendes da floresta

Hoje fiz uma façanha! Consegui vencer preguiça e fui sair às montanhas de Buda. Até o próprio F. aceitou esquecer-se do carro. Acho que já não viajava de transportes públicos faz anos. O tempo estava lindíssimo. Deu-me imenso prazer ver os miúdos no funicular com os pais. Só se ouve mal das famílias, de passarem o dia em frente do computador, televisão e depois vai-se a um lugar destes e vem-se pais de todos os feitios: punk, tatuados, certinhos, business dad, etc e todos eles a brincar, cuidar dos pequeninos. Famílias verdadeiras! Tive pouquíssimo medo no funicular, mas tive como de costume, mesmo assim não podia deixar de apreciar a vista sobre a cidade. Após comer, beber, fomos passear até a estação do comboio onde tinha tempo fazer as duas coisas que me tinha prometido antes de sair de casa: fazer um desenho e abrir – escrever as primeiras frases no meu diário, prenda da S. Ela sabe porque quis que fosse ali. No comboio soube tão bem gritar no túnel, de ser criança, dizer olá em todas as estações. A floresta era linda. Árvores de todos os feitios... altos, esbeltos, curtos, gordinhos, tortos, direitos, com muitos ou pouco ramos, a ocupar grandes espaços ou apenas mal se notarem. Lindos. Vocês já repararam que não ha duas árvores iguais? E assim todos diferentes é que se tornam floresta... Acho que não deixei de sorrir ali, uma pessoa não consegue ficar com uma cara séria.

No caminho de volta adormeci no eléctrico. Deve ter sido o ar livre, mas já não tinha força para sair jantar, como tinha prometido antes. Fica para um outro dia.

A noite acabou mal, mas amanha será outro dia, nós todos mais sábios talvez sobre a vida (isso é treta, cometeremos erros novos de certeza).

A imagem é o desenho que fiz na estação. Coitada está mal conseguida, pois queria MUITO que algo de bom fosse sair. Acho que o segredo da pintura valiosa é simplesmente deixar que o pincel, lápis faça cócegas ao papel e que as cores se divirtam. Tenho ainda um longo caminho por percorrer para conseguir isso.

Política


Hoje vou votar... no minsitro mentiroso. Para já acho que ele foi sincero, tem um projecto para melhorar as coisas mesmo que isso implique descimento de nível de vida considerável... e para além disso prefiro um mentiroso assumido ou o demónio em pessoa, do que um asno vestido de anjinho saido do manicómio. Belas perspectivas para Hungria... mas pelo menos o medo nítido já é do passado.

Fome de me amar


Ontem foi um dia luxuoso. Tinha o tempo todo para mim, quase sem compromissos nenhuns, apenas dei uma aula. Foi também um momento mágico de certa forma, porque para já a minha aluna trouxe-me bolachinhas feitas por ela. Não, agora não é a gulosia que me fez emocionar, mas o cuidado de aquilo todo. O embrulho, a forma como estava arranjada no prato, o guardanapo, o enfeite de chocolate. Acho que nada tem maior valor do que dedicarmos tempo e atenção quando oferecemos a alguém uma coisa. Antigamente os meus pais me ensinaram ser assim, e eu até acreditei neles, mas desculpem a honestidade, nada batia um ursinho de peluche enorme, queria eu lá saber quem me tinha oferecido. Ao acabar esta frase lembrei-me que os brinquedos que continuam fazer parte do meu lar, que estão a vista são apenas aqueles que foram feitos pelo meu pai pessoalmente. Hoje acho que a maior coisa que temos para dar para além do nosso carinho é o tempo que dedicamos a uma pessoa. O tempo real, pois não falo naqueles momentos que uma pessoa vai sair mas esta a pensar já o que vai fazer a seguir, se havia de telefonar a x e não se esqueceu de desligar a TV.

Não era bem disto que queria falar. Hoje aprendi uma lição dura. Ontem a minha aluna no meio de uma frase levantou o olhar e disse-me: Ai Dora, gosto tanto de ti. Fiquei muito perturbada. Eu sei que os meus alunos gostam de mim, mergulho sempre todos os dias no brilho dos olhos e no sorriso com que me recebem todos os dias, mas fecho a historia que isso é para a „professora”, quem ensina com toda a paixão, como uma maluca. Hoje aprendi que eu própria não gosto de mim, que inconscientemente e sistematicamente destruo as minhas relações. Se eu não me amo, como ia deixar que outros me amassem. Comecei a ganhar peso após ter deixado Portugal. Como uma forma de protecção, não tinha nada a ver com o mundo que aqui me esperava. Após os 4 anos de lá estar, já não fazia parte das pessoas que cá estavam e deixei fazer de aquelas que ali ficaram. Depois a coisa melhoro, raízes ainda não tinha, mas uma nova faculdade, trabalho deram me directrizes para eu me situar no mundo. Após a doença dos meus pais – traição da minha família as coisas ficaram desfrenadas. Uma nova paixão, aprender a amar-me através dos olhos de outra pessoa fizeram-me perder mais de 20 quilos para voltar a ganhá-los após a traição (não infidelidade) da mesma pessoa. E a falta de me amar a mim própria essa fome, que tortura é enterrada na comida... Sabem, se olho para cada um de nós... eu vejo que todos temos problemas de auto-aceitação. Eu pelo menos tenho. Desafio-vos encararmo-nos a nós próprios.

Bom, no fundo só queria recomendar-vos dois filmes: Volver de Almodóvar (sempre fico de boca aberta como um homem sabe tanto de mulheres) e Straight Story de David Lynch. O segundo deixem para um dia, quando se queriam deixar levar de um passo muito devagar e sem truques, fogos de artifício ao prazer de estarem vivos. Aqui fica também a minha quarta pintura, a primeira de aguarela profissional. Ela está meio acabada e imperfeita, mas é minha, gostava que a criticassem a vontade.