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Location: Budapest, Hungary

Wednesday, September 27, 2006

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Ontem fiquei a pensar em várias coisas. Uma de elas foi ter-me posto a questão de até que ponto me sirvo do espiritualismo para encontrar pontos de partida para entender-me a mim própria, ao mundo que me rodeia e o meu lugar em tudo isto. Nos últimos meses e especialmente como influência das minhas aulas de budismo e taoismo, tenho ganho ainda maior fé em várias coisas: Por um lado acho que o mundo é um mundo de vários paralelos onde em cada dimensão acontecem todas as possibilidades de um dado momento, e cada uma delas vai originar uma nova série de possibilidades. O facto de eu escolher, é apenas a escolha na dimensão que me é conhecida – ou do meu ser que faz parte desta dimensão. Sendo assim, o desconhecido que vem a minha frente na rua, sou eu, e eu sou todas as pessoas que existiram ou hão de existir em todas as dimensões. Se assim for, com que direito vou dizer que alguém é melhor, pior do que eu, se eles são apenas minhas variações e eu sou apenas uma variação deles. Partindo deste princípio, por exemplo o facto de eu amar ou não amar alguém é a mesma coisa, pois sendo partes do MESMO a questão é apenas até que ponto se torna consciente a nossa proximidade de um do outro. Gosto de ti, porque vejo em ti reflectida a melhor parte que eu tenho em mim... ou a parte que mais acho faltar do meu ser... ou ainda porque me fazes passar por aquilo que eu penso que mereço passar (seria interessante reflectir sobre isto em relação a violência doméstica também). O meu dever então no fundo é estar 100% acordada no presente, no momento, que no fundo nunca existe se não me consciencializo da sua existência. Conheço pessoas que passam a vida a saltar do passado ao futuro (eu própria muitas vezes), a reflectir no que aconteceu e a sonhar, planejar o que vai acontecer. Como se estivéssemos a deitar fora uma vida inteira. Baixando humildemente a cabeça perante o presente, o único que tem valor, é uma postura firme, de como diz o budismo: estar acordado.

Susana, lembras eu te ter perguntado o que vamos fazer hoje e tu teres respondido: agora estou a tomar pequeno almoço? Foi a maior lição que tive sobre este assunto.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sim, lembro-me! Estava-me a saber tão bem que me deixei absorver por esse momento. Por outro lado, senti também que não havia nada mais importante a fazer - naquele momento - do que usufruir tudo aquilo. Fazer o quê? Não só estava a fazer como também a viver! Beautiful!

2:09 PM  
Anonymous Anonymous said...

a existência humana é curta e relativa // o pensamento harmonizado pode conduzir ao silêncio

Agora apetece-me escrever:
suave corre o rio // ao longo da sua margem

(gosto de ti)

7:20 PM  

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